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“Descobri com o tempo que a diversificação me faz bem”

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Explicando porque não sigo dietas muito restritivas e porque acho importante sentir prazer com a alimentação

Fotos: David Arioch

Fotos: David Arioch

Passei alguns anos mantendo uma rotina alimentar baseada em batata-doce cozida ou assada, filé de frango grelhado, claras de ovos cozidas e um shake de proteínas no desjejum e outro no pós-treino. Basicamente, uma dieta considerada tradicional por quem treina sério e busca resultados sólidos. Claro, e desprezada por uma maioria que abomina dieta e talvez até mesmo o universo da musculação. Infelizmente, uma realidade caricata e, por vezes, sustentada em clichês.

No entanto, voltando ao assunto principal, faz tempo que não suplemento mais no pós-treino e basicamente consumo proteína em pó pelo seu valor biológico, nutricional e também porque é um excelente ingrediente para quem gosta de cozinhar, o que é o meu caso. Posso afirmar que o meu blog Cooking For Muscle, de culinária maromba, é um reflexo da forma como me alimento atualmente. Não sou intolerante à lactose nem celíaco, então não tenho porque seguir dietas muito restritivas.

Fotos: David Arioch

Fotos: David Arioch

Na realidade, descobri com o tempo que a diversificação faz bem, muito bem. Claro que hesitei um pouco a princípio, até porque eu era alguém acostumado a consumir uma meia dúzia dos mesmos alimentos todos os dias. Percebi que não tinha motivos pra isso. Há um bom tempo, diversifico minha alimentação e ainda assim consigo manter meu percentual de gordura em não mais do que 10% o ano todo. Não, meu metabolismo antes de começar a treinar não era extremamente acelerado. Ele melhorou com a mudança na minha composição corporal. Inclusive numa definição superficial de biotipo sou o que chamam de mesomorfo.

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Fotos: David Arioch

Há períodos em que diminuo mais ainda o percentual de gordura, mesmo diversificando a alimentação. Mas o que quero dizer é que percebi ao longo dos anos que as pessoas restringem muito a alimentação por insegurança, por não conhecer o próprio corpo, as próprias necessidades. Muitos não têm ideia de que podem sim alcançar os resultados que tanto almejam.

Entenda, se você não se preocupa em se conhecer, avaliar como seu corpo reage no cotidiano, pode ter certeza que ninguém vai fazer isso por você. Auxílio profissional é imprescindível sim, mas o profissional não vai estar sempre por perto para acompanhar as reações do seu organismo. Há coisas que aprendemos apenas sentindo, levando em conta as nossas experiências. São especificidades que fazem a diferença. No fim das contas, detalhes podem ser transformadores.

Fotos: David Arioch

Fotos: David Arioch

Fotos: David Arioch

Fotos: David Arioch

Dietas extremamente restritivas não me parecem interessantes, a não ser em casos específicos, como por exemplo o período em que um atleta se prepara para competir, daí sim é justificável. No mais, por que privar o homem da sua própria natureza e daquilo que o faz tão humano? Afinal, comer com prazer não deveria ser um suposto conceito atrelado a ideia de comer errado ou se alimentar daquilo que não é saudável. Muito pelo contrário.

Basta se aprofundar um pouquinho na história das civilizações para entender que o ser humano já sentiu muito prazer se alimentando de forma saudável. O maior problema é que o conceito de alimentação saudável da atualidade já faz parte de uma indústria cultural altamente lucrativa, enganosa e quimérica. Nos últimos anos, foram criadas muitas cartilhas impondo regras quase dogmáticas do que deve ser ou não uma boa alimentação, além das chamadas teorias condenatórias.

Também conheço muita gente que acredita na relação direta entre boa dieta e ausência de sabor. Na minha opinião, seria mais fácil admitir que comer algo sem gosto tem mais a ver com praticidade ou preguiça, não exatamente com certo ou errado. Comer algo sem sabor não faz de ninguém um guerreiro como muitos tentam ingenuamente fazer parecer.

David Arioch, entusiasta da culinária maromba, mas antes de tudo um marombeiro.

Observação

As fotos que acompanham o texto fazem parte do meu projeto de culinária maromba ou fitness. As receitas dos alimentos são de minha autoria e estão disponíveis no meu blog.

Acesse: cookingformuscle.wordpress.com

 

Written by David Arioch

dezembro 31, 2014 at 1:36 pm

Cooking For Muscle completa um ano e sete meses

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Criado em maio de 2013, blog reúne 317 receitas de culinária maromba

Foto: David Arioch

Fotos: David Arioch

Em maio de 2013, criei um blog de culinária maromba ou fitness com a intenção de compartilhar receitas saudáveis. Meu objetivo era mostrar que é possível sim ter resultados em qualidade de vida e estética sem precisar restringir demais a alimentação. Encarei como um projeto pessoal e um desafio que poderia ser tão motivador pra mim quanto para quem acompanhasse o blog.

Desde então, publiquei 317 receitas. Algumas são adaptações, mas a maioria são autorais. O total é resultado de um compromisso que assumi há alguns meses de publicar uma receita por dia. Compartilho apenas aquilo que faz parte da minha alimentação. No blog, as receitas estão divididas em mais de 80 categorias.

Foto: David Arioch

Fotos: David Arioch

Quem avaliar a diversidade do Cooking For Muscle vai perceber que gosto tanto de preparar alimentos isentos de referências quanto inspirados em receitas étnicas, regionais e multiculturais, além de adaptações saudáveis de pratos que normalmente são conhecidos como saborosos, mas de baixos valores nutricionais ou sustentados em “calorias vazias”.

Como sei que a culinária tem um forte aspecto histórico, inclusive a alimentação teve um papel fundamental na emergência, popularização e sobrevivência de inúmeras civilizações, gosto de contextualizar, traçar um paralelo ou resgatar algum elemento ou fato interessante relacionado a isso.

Me agrada também pesquisar sobre os hábitos saudáveis dos povos mais simples, principalmente camponeses, nos muitos períodos de crise vividos pela humanidade. Em síntese, a culinária pode parecer trivial aos mais indoutos, mas a verdade é que diz muito sobre quem fomos, quem somos e o que queremos ser.

Foto: David Arioch

Fotos: David Arioch

Há centenas de anos, os mais sábios já deixavam transparecer que a nossa condição existencial também é influenciada diretamente pela forma como lidamos com a nossa condição física. Se uma pessoa cuidar apenas da mente, mais cedo ou mais tarde o desequilíbrio vai ser inevitável. Exemplos são os muitos idosos que hoje sofrem severamente por causa dos abusos e negligências dos tempos de juventude.

David Arioch, entusiasta da culinária maromba, mas antes de tudo um marombeiro.

Foto: David Arioch

Foto: David Arioch

Ao lado, estão imagens de algumas das minhas receitas publicadas no meu blog de culinária maromba. Para conhecer, acesse: cookingformuscle.wordpress.com

Foto: David Arioch

Foto: David Arioch

Written by David Arioch

dezembro 31, 2014 at 1:04 pm

As verdadeiras academias estão morrendo

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O treinador Rob King fala sobre o fim dos bons ginásios e a expansão dos “centros de fitness”

King: "“O que é vendido hoje como novo e fresco, acredite, já foi feito antes."

Rob King: “O que é vendido como novo e fresco, acredite, já foi feito antes.” (Foto: Acervo Pessoal)

O treinador Rob King, 40, é um apaixonado por musculação que fundou há alguns anos a Heavyweights Training Center e a Heavyweights Sports Supplements em Mount Pearl, na província de Newfoundland and Labrador, no Canadá. Com a experiência de quem acompanha a expansão mundial da cultura fitness, King afirma que as verdadeiras academias estão morrendo e vê com preocupação o crescimento desenfreado dos chamados “centros de fitness”. Segundo ele, na atualidade, muitas academias vendem mais ilusões do que resultados.

“O que é vendido como novo e fresco, acredite, já foi feito antes. Não existe nenhuma novidade. É o que podemos chamar de falsas reinvenções”, afirma. Rob King ingressou no mundo da musculação há 25 anos. Quando colocou os pés pela primeira vez em uma academia, logo se sentiu intimidado pela atmosfera do ambiente. “Imagine você, eu era um skatista de 15 anos que praticava artes marciais em frente de casa. Queria muito levantar pesos, mas tinha medo de entrar em uma sala de musculação”, diz.

Apesar do receio, o canadense encarou o desafio. Ainda considera o primeiro dia de treino como uma das experiências mais assustadoras de sua vida. “Quando entrei, vi um sujeito de cara fechada que mais parecia um guerreiro. Ele estava levantando pouco mais de 100 quilos no supino reto. Pra mim, parecia que eram mais de 400”, conta.

O temor se dissipou quando Rob se tornou parte de um grupo de marombeiros que treinava diariamente após às 18h. À época, o ginásio não tinha máquinas, com exceção de alguns rústicos aparelhos com cabos. “Quase tudo se resumia a barras, halteres e uma barra fixa. Muitos dos equipamentos pareciam caseiros. Na verdade, acho que eram”, destaca. Não havia esteiras na academia de King. Mesmo assim, ninguém sentia falta. Alguns nem sabiam o que era. Quando surgiram as primeiras, a surpresa foi geral. “Era um negócio enorme, gigante. Agora percebo como estou ficando velho”, comenta em tom bem humorado.

King: "Defendemos que quanto menor o número de pessoas agindo como hamsters em uma esteira, melhor!"

“Defendemos que quanto menor o número de pessoas agindo como hamsters em uma esteira, melhor!” (Foto: Acervo Pessoal)

“As pessoas estão preocupadas em sentir dor”

Quando pondera sobre a realidade atual das academias, lamenta o fato de que o comprometimento com os resultados foi deixado de lado. “As academias de hoje não são ginásios, mas sim ‘centros de fitness’”. As pessoas estão mais preocupadas com a possibilidade de sentirem dor ou ficarem com as mãos calejadas. Até transpirar parece exagerado, o que diriam então sobre fazer ruídos ou deixar os pesos caírem?”, questiona, lembrando que já viu marombeiros serem repreendidos por levarem pó de giz para algumas academias.

A expansão dos “centros de fitness” é definida por Rob King como um fenômeno mundial que pode piorar um pouco mais. E a culpa disso são daqueles que encaram a musculação como um sacrifício, atividade banal, ocasional ou meramente recreativa. Afinal, se esse é o pensamento de quem busca uma academia, com certeza, muitos proprietários vão se aproveitar disso para oferecer um serviço de baixa ou péssima qualidade. “Temos academias ruins porque há clientes que buscam isso. Se muitos dos frequentadores fossem conscientes, bem informados e tivessem bons objetivos, pode acreditar que muita gente pensaria duas vezes antes de se tornar instrutor ou abrir uma academia”, dispara.

“Defendemos o conceito Warehouse Gym

Por outro lado, Rob King tem fé que no futuro o mundo da musculação seja mais direcionado ao básico. “Não vejo razão para abrir mão daquilo que sempre funcionou muito bem. Aqui na América do Norte, estamos divulgando o máximo possível o conceito Warehouse Gym que se pauta no uso de halteres, trenós, cordas e correntes. Defendemos que quanto menor o número de pessoas agindo como hamsters em uma esteira, melhor!”, destaca.

Transformação recente de um dos alunos do canadense (Fotos: Rob King)

Transformação recente de um dos alunos do canadense (Fotos: Rob King)

O mais curioso é que na América do Norte o retorno ao básico encontrou uma grande base de defesa entre pessoas que não são atletas, mas amam treinar. “A diferença está sendo feita por gente que nas horas vagas se dedica ao treino duro e pesado. Propagamos a ideia de que não são necessários muitos equipamentos para proporcionar bons resultados”, conta.

Quando Rob King decidiu fundar a sua primeira academia, ele alugou um pequeno salão. À época, tinha apenas uma gaiola de agachamento, um pneu grande, algumas cordas e modestos equipamentos de pequeno porte. “O que não me faltava era a capacidade de criar, me divertir e me desafiar”, explica, acrescentando que nunca se preocupou em comprar aparelhos aeróbicos.

O interesse pela musculação levou o treinador a participar de competições de bodybuilding e powerlifting. “Comecei aprendendo e continuo aprendendo. Viajo muito e invisto na minha educação. Estou sempre em contato com os melhores do ramo. O conhecimento constante é essencial para quem quer ajudar as pessoas”, garante.

"Ingressei no ramo com apenas 200 dólares em suplementos" (Foto: Acervo Pessoal)

“Ingressei no ramo com apenas 200 dólares em suplementos.” (Foto: Acervo Pessoal)

“Odeio ver tanta gente sendo enganada”

Segundo o treinador canadense, é animador ver o aumento da popularidade da cultura fitness nos últimos anos. Afinal, isso mostra que há muita gente querendo entrar em forma. Em contraponto, o interesse também fez surgir novas e grandes empresas que priorizam o lucro. “Não me entenda mal, sou totalmente a favor do fitness, mas vejo que estamos sendo engolidos pelas ‘big boxes’ ou o que chamo de walmart das academias”, reclama.

Exercícios incoerentes, uma infinidade de máquinas, atividades aeróbicas em que a pessoa não sai do lugar e treinos repetitivos por longos períodos são algumas das características dos “centros de fitness”, na perspectiva de King. “Por incrível que pareça, tudo isso me deu mais fôlego para tentar fazer a diferença. Odeio ver tanta gente sendo enganada por essas bobagens”, desabafa.

"Estamos sendo engolidos pelas ‘big boxes’ ou o que chamo de walmart das academias" (Foto: Acervo Pessoal)

“Estamos sendo engolidos pelas ‘big boxes’ ou o que chamo de walmart das academias.” (Foto: Acervo Pessoal)

“Jurei a mim mesmo que me superaria”

Na adolescência, com uma precoce obsessão por músculos, Rob se inspirou em Arnold Schwarzenegger, após ser hipnotizado pela interpretação do ex-bodybuilder no filme “Conan, O Bárbaro”, de 1982. Quando não podia ir ao ginásio treinar, corria para o quarto do irmão, onde se exercitava com um par de velhos halteres de concreto. Depois, começou a ler tudo que encontrava sobre musculação, até que surgiu a oportunidade de trabalhar na área administrativa de uma academia. Cansado de ficar atrás de uma mesa, se graduou e se tornou treinador.

“No meu quarto, eu tinha uma prateleira com 200 dólares em suplementos. E foi assim que ingressei no ramo de vendas. Anotava tudo que comercializava em uma caderneta. Mais tarde, me mudei para Vancouver e percebi que estava infeliz”, ressalta. O próximo passo foi voltar para a casa do pai e abrir uma loja de suplementos. Sem dinheiro e sem orientação, se arriscou. Dividia o tempo entre a recém-aberta Heavyweights Sports Supplements e o trabalho de treinador em uma academia.

King quando conheceu Arnold Schwarzenegger em 1999 (Foto: Acervo Pessoal)

King quando conheceu Arnold Schwarzenegger em 1999 (Foto: Acervo Pessoal)

“Jurei a mim mesmo que me superaria, que faria de tudo para transformar a vida de muita gente. Me comprometi em torná-los mais fortes e saudáveis. Encontrei a minha verdadeira paixão e nunca olhei para trás”, confidencia. Hoje, King tem o próprio ginásio, uma boa equipe e se orgulha de ter mudado a vida de milhares de pessoas. Além de treinador e empresário, também é palestrante e autor de mais de dez livros sobre fitness, saúde e qualidade de vida.

O encontro com Arnold Schwarzenegger

Em 1999, Rob King usou todas as economias para viajar para Columbus, em Ohio, nos Estados Unidos. Naquele ano em que o grande vitorioso foi o lendário bodybuilder alemão Nasser El Sonbaty, o objetivo de King era conversar com Arnold Schwarzenegger no Arnold Classic. “Foi a melhor experiência que tive aos 25 anos. Sem dúvida, mais um sonho realizado”, enfatiza.

Saiba Mais

Rob King é colaborador dos sites T-Nation, EliteFTS, Schwarzenegger, JasonFerrugia, BretContreas, PTPower, KickBackLife, Super-Trainer, DeanSomerset, InsideFitnessMag, ExerciseForInjuries, FixingMuscleImbalances, FitProInferno e da revista Muscle-Insider.

Dicas de Rob King para quem sonha em abrir uma academia

Você não precisa de muitas esteiras

Você não precisa da aprovação de ninguém

Você não precisa ter um ginásio crossfit

Você não precisa de um ginásio grande

Você precisa gostar de ajudar os outros

Você precisa ter uma mente aberta

Você precisa ter uma fome constante de melhorias

Você precisa querer fazer a diferença

Entenda, todas as grandes coisas começaram como pequenas

Comece agora!